domingo, 6 de dezembro de 2009

Projeto Do Cursista

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

PROJETO: A ORTOGRAFIA E A REFORMA ORTOGRÁFICA

PROGRAMA DE GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR








A ORTOGRAFIA E A REFORMA ORTOGRÁFICA









Lacioni Wolf

Nova Trento
2009







Problemática:o professor cursista sentiu a necessidade de trabalhar com seus alunos a ortografia, tendo em vista que eles apresentam muitos erros ortográficos.


Objetivo do projeto: proporcionar a internalização natural das regras de ortografia, enfatizando principalmente, mudanças ocorridas com a Reforma Ortográfica de 2008.


Metodologia:
Leitura de livros relacionados à ortografia;
Ensino de regras ortográficas;
Aplicação de jogos para a internalização das regras.


Fundamentação teórica:

O aprendizado da ortografia e a maneira de ensiná-la, na escola são assuntos que geram grandes discussões no meio linguístico. A proposta do presente projeto é apresentar, por meio de estudos teóricos, o processo de aquisição e internalização da ortografia pelos educando do Ensino Fundamental. Da mesma forma, apresentar estratégias pedagógicas que possam facilitar o ensino da ortografia para os professores de Língua Portuguesa. Ainda neste projeto, discutir-se-ão as mudanças nas regras de ortografia da Língua Portuguesa que ocorreram com o Acordo Ortográfico de 2008, bem como possíveis estratégias de ensino das mesmas.
Para Buarque e Rego (2007), a Língua Portuguesa é uma língua de base alfabética, ou seja, utilizam-se letras para representar os sons das palavras. Nesse tipo de representação escrita, o ideal seria que cada fonema – unidade de sons representada por um complemento distintivo – fosse representado por uma letra correspondente, dessa forma, codificar a oralidade em escrita seria simples. No entanto, na maioria das vezes, um fonema pode ser representado por letras diferentes e, por conseguinte, uma letra pode representar dois ou mais fonemas. O primeiro pode ser exemplificado pelo fonema /k/: tanto a letra c quanto o dígrafo qu representam e este fonema. No segundo caso, podemos tomar como exemplo a letra x, a qual pode representar os fonemas /∫/, /z/ e /ks/. Existem, entretanto, poucos casos em que uma letra representa apenas um fonema; é o caso das letras d, p, t, v, b e f.
Partindo desse mesmo conceito, Artur Gomes de Morais escreveu o livro “Ortografia: ensinar ou aprender”, o qual relata a discussão de como ensinar ortografia em sala de aula, de como driblar os desafios da Língua Portuguesa. Como, no parágrafo acima citado, sabe-se da complexidade que a ortografia da Língua Portuguesa oferece, diante dessas variações fonológicas, muitas perguntas são elaboradas, como ensinar corretamente ortografia para os alunos? É importante ensinar ortografia? Como ensinar sem recorrer aos exercícios tradicionais?
Portanto, como ensinar ortografia fugindo do método tradicional? Vive-se em um momento histórico de renovação, desde a nova ortografia até conseguir que a língua ensinada na escola tenha um propósito e características semelhantes aos que adotamos quando lemos e escrevemos fora do ambiente escolar. Deste modo, deve-se, sim, ensinar ortografia, mas fazê-la de uma maneira sistemática, com leituras, produções de textos e sempre direcionado-a para as maiores dificuldades dos alunos na escrita.
A função da escola é monitorar a escrita do aluno e prezar pela escrita correta deste aluno de acordo com a norma padrão da língua, entretanto, na maioria das vezes, cria poucas oportunidades para que ele reflita sobre as dificuldades ortográficas da Língua Portuguesa.
Ao iniciar a formação do seu repertório ortográfico, o educando precisa entender que a ortografia é uma forma de representar a oralidade por meio de palavras escritas. Leal e Roazzi (2007) observam que o aluno evoluiu ao dominar esse conceito básico sobre oralidade e escrita, mas, que essa evolução apenas continuará a partir do momento que o educando compreender que a escrita não é uma reprodução fiel da oralidade, levando em conta os conceitos e exemplos citados anteriormente.
O domínio das regras ortográficas é um processo demorado e exige a internalização de regras por parte do educando e, durante esse período, é comum que o aluno cometa erros ortográficos ao escrever. Isso porque, leva algum tempo até que o educando compreenda a não fidelidade da oralidade para com a escrita. Entrementes, é dever de o professor auxiliar o aluno a internalizar as regras da ortografia.
Como já apresentado, a maneira para realizar esta tarefa causa discussões: não é raro ouvir afirmar que a melhor maneira de aprender a ortografia está na repetição da escrita de certas palavras por meio de ditados, cópia ou memorização de listas de palavras. Sugere-se ainda que a leitura frequente aproxime o aluno da perfeição ortográfica. De acordo com Leal e Roazzi (2007), essas práticas podem apresentar algum resultado, entretanto, é por meio da compreensão das regras ortográficas que o aluno constrói seu repertório ortográfico e passa a entender o funcionamento da ortografia, podendo então, entender a razão pela qual as palavras são grafadas de maneira distinta.
São vários os fatores que influenciam o porquê de estudar ortografia; a Língua Portuguesa tem várias regras as quais explicam quando se deve ou não usar determinada letra. Morais (2002) levanta duas hipóteses a respeito de ensino ortográfico: o que o aluno pode aprender, o que ele precisa memorizar? Entende-se que aprender ortografia nem sempre é uma questão de memorizar, muitas palavras dependem de um contexto para seu emprego correto, outras dependem de regras e, por fim, algumas dependem de sua origem (etimologia). Diante desses conceitos o ensino da escrita pode ser uma tarefa de memorização de conceitos ou de regras e de conhecimento etimológicos de diversas palavras.
Verifica-se ainda, que o Brasil é um país diverso em cultura, sendo que indivíduos de diferentes regiões, pertencentes a diferentes grupos sócio-culturais, ou nascidos em diferentes épocas, pronunciam as mesmas palavras de forma diferente. Neste país não existe uma única forma de pronúncia correta; assim, como não existem argumentos científicos que permitam afirmar que a pronúncia de alguma região do país possa ser considerada mais correta do que outra, como afirma Morais (2002).
De acordo com Morais (2002, p.19), exemplifica-se esse conceito da seguinte maneira: “um carioca e um pernambucano pronunciam de modo diferente a palavra tio, o primeiro diria algo como /tchio/ e o segundo /tiu/, na hora de escrever, se não houvesse uma ortografia, cada um registraria o seu modo de falar”. Assim, deve-se escrever de uma forma unificada para todos comunicarem-se de uma maneira mais comum, não gerando dúvidas quanto ao uso da variante escrita da língua. A ortografia funciona, então, como um recurso capaz de cristalizar na escrita as diferentes maneiras de falar dos usuários de uma mesma língua.

A visão dos PCNs sobre o ensino da ortografia

Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa referentes ao Ensino Fundamental, doravante PCNs, comumente os professores aplicam o ensino das regras ortográficas, através da apresentação de roteiros gramaticais seguidos de atividades escritas em que o educando reescreve inúmeras vezes as palavras que grafou incorretamente. Os PCNs consideram que este tipo de exercício pode até provocar nos alunos uma memorização das regras ortográficas, mas eles não sabem contextualizá-las.
“Ainda que tenha um forte apelo à memória, a aprendizagem da ortografia não é um processo passivo: trata-se de uma construção individual, para a qual a intervenção pedagógica tem muito a contribuir”. (PCNs da Língua Portuguesa, 1997, p. 57).
O ensino das regras da nova Reforma Ortográfica não se evade desta linha de pensamento, uma vez que os professores têm de fazer os seus alunos esquecerem as antigas regras e internalizarem as normas do novo acordo ortográfico.
Segundo os PCNs, as táticas que devem ser abordadas nas aulas de Língua Portuguesa - dando ênfase ao ensino das regras do novo acordo ortográfico - devem envolver o tema “produtivo e reprodutivo”.

Permitindo no primeiro caso o descobrimento explícito de regras geradoras de notações corretas e, quando não, a consciência de que não há regras que justifiquem as formas corretas fixadas pela norma; e a distinção entre palavras de uso frequente e infrequente na linguagem escrita impressa. (PCNs da Língua Portuguesa, 1997, p. 57).
Por fim, os PCNs propõem que a memorização de novas formas ortográficas devem entrar em prática o quanto antes independentemente de serem “regulares ou irregulares, definidas por regras ou não”.
“É preciso que se diferencie o que deve estar automatizado o mais cedo possível para liberar a atenção do aluno para outros aspectos da escrita”. (PCNs da Língua Portuguesa, 1997, p. 58).


Cronograma: as atividades serão desenvolvidas durante o segundo semestre letivo de 2009 e durante todo o ano letivo de 2010.


Avaliação: Os educandos serão avaliados durante a realização dos jogos que compreenderá a capacidade de entendimento do aluno em relação às regras ortográficas.

Lista de presença





terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Foto da turma do Gestar II

Gaiolas e asas (Rubem Alves) Texto para reflexão e deleite

Os pensamentos me chegam de forma inesperada, sob a forma de aforismos. Fico feliz porque sei que Lichtenberg, William Blake e Nietzsche frequentemente eram também atacados por eles. Digo “atacados“ porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio. Aforismos são visões: fazem ver, sem explicar.
Pois ontem, de repente, esse aforismo me atacou: “Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas"
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.Esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri conversando com professoras de segundo grau, em escolas de periferia. O que elas contam são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças... E elas, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que sejam feitas, dar o programa, fazer avaliações... Ouvindo os seus relatos vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra - e há domadoras com seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres... Sentir alegria ao sair da casa para ir para escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O seu sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que as fecha junto com os tigres.
Nos tempos da minha infância eu tinha um prazer cruel: pegar passarinhos. Fazia minhas próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava escondido, esperando... O pobre passarinho vinha, atraído pelo fubá. Ia comendo, entrava na arapuca, pisava no poleiro – e era uma vez um passarinho voante. Cuidadosamente eu enfiava a mão na arapuca, pegava o passarinho e o colocava dentro de uma gaiola. O pássaro se lançava furiosamente contra os arames, batia as asas, crispava as garras, enfiava o bico entre nos vãos, na inútil tentativa de ganhar de novo o espaço, ficava ensanguetado... Sempre me lembro com tristeza da minha crueldade infantil.
Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os adolescentes de periferia? Ou serão as escolas que são violentas? As escolas serão gaiolas?
Me falarão sobre a necessidade das escolas dizendo que os adolescentes de periferia precisam ser educados para melhorarem de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes, é preciso que todos tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor.
Mas, eu pergunto: Nossas escolas estão dando uma boa educação? O que é uma boa educação? O que os burocratas pressupõe sem pensar é que os alunos ganham uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E para se testar a qualidade da educação se criam mecanismos, provas, avaliações, acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.
Mas será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o ideal de uma boa educação? Você sabe o que é "dígrafo"? E os usos da partícula "se"? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o sujeito da frase "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante"? Qual a utilidade da palavra "mesóclise"? Pobres professoras, também engaioladas... São obrigadas a ensinar o que os programas mandam, sabendo que é inútil. Isso é hábito velho das escolas. Bruno Bettelheim relata sua experiência com as escolas: "fui forçado (!) a estudar o que os professores haviam decidido que eu deveria aprender – e aprender à sua maneira..." O sujeito da educação é o corpo porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens.
A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche dizia que ela, a inteligência, era "ferramenta" e "brinquedo" do corpo. Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender "ferramentas", aprender "brinquedos".
"Ferramentas" são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia a dia. “Brinquedos“ são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma. No momento em que escrevo estou ouvindo o coral da 9ª sinfonia. Não é ferramenta. Não serve para nada. Mas enche a minha alma de felicidade. Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo educação.
Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me permitem voar pelos caminhos do mundo. Brinquedos me permitem voar pelos caminhos da alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos está aprendendo liberdade, não fica violento. Fica alegre, vendo as asas crescer... Assim todo professor, ao ensinar, teria que perguntar: "Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo?" Se não for é melhor deixar de lado.
As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se são gaiolas ou asas. Mas eu sei que há professores que amam o vôo dos seus alunos. Há esperança...
(Folha de S. Paulo, Tendências e debates, 05/12/2001.)